domingo, 28 de junho de 2009

Entrevista - Carlos Eugênio Simon, árbitro FIFA e bi-mundialista

por Vinícius Andrade

1- Desde quando é árbitro de futebol e como foi o início da carreira?
Comecei a apitar futebol em 1986, quando realizei o curso para árbitros realizado pela Federação Gaúcha. Comecei apitando jogos dos amadores, juvenis, juniores, onde permaneci até 1990. A partir deste ano trabalhei em jogos da segunda divisão de profissionais e no ano seguinte na primeira divisão. Foi em 1993 que entrei para o quadro de árbitros da CBF e em 1995 para o quadro de aspirantes à FIFA e em 1997 para o quadro de árbitros FIFA.

2- Em quais árbitros se inspirou?
No Rio Grande do Sul dois árbitros foram as minhas referências e são eles: Luís Cunha Martins e José Mocellin. A nível internacional são: Arnaldo César Coelho e José Roberto Wright. Esses são os que eu mais vi atuarem. Não tive a felicidade (por ser muito jovem) de assistir Armando Marques e Agomar Martins.

3- Como se prepara, nas pré-temporadas e durante as competições?
A preparação é diária em todos os aspectos. Preparação física, técnica e psicológica. O período mais intenso é no começo de temporada depois é manutenção, porém com uma carga alta de treinamentos.

4- Como foram as experiências em Copas do Mundo?
Participar de competições internacionais é muito importante. De todas as que participei gostei muito, principalmente, das duas Copas do Mundo (2002 e 2006). Além da satisfação de participar do maior evento esportivo do mundo, a convivência com outros árbitros de países diferentes é importante para o aprendizado.

5- Qual é a análise que pode fazer da arbitragem brasileira atualmente? É muito boa e competente. A exigência é grande quando se fala de árbitros brasileiros e não poderia ser diferente, pois o Brasil é penta campeão mundial de futebol.

6- Quanto ao seu estado, o Rio Grande do Sul. Como está a sua safra de árbitros? A escola gaúcha de árbitros continua muito forte. Os árbitros do Estado do Rio Grande do Sul sempre estiveram em destaque a nível nacional e internacional, em diferentes épocas. O futebol gaúcho é muito exigente e muito disputado, porém com lealdade. Embora o contato físico seja constante.

7- Como lida com as polêmicas da profissão?
No futebol as emoções são altas e há muitos interesses em jogo, além dos torcedores, dirigentes, imprensa olharem só o que interessa a eles. É fundamental a bagagem do árbitro e a estrutura familiar para suportar as pressões.

8- O que exerce, além da arbitragem e da presidência do SAFERGS?
Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em ciência do esporte. Atualmente estou na presidência do sindicato dos árbitros do Rio Grande do Sul e apitando o Campeonato Brasileiro, além da preparação como pré-candidato ao Mundial da África do Sul, em 2010.

9- O que pensa da profissionalização da arbitragem? Entendo que é necessária. As exigências estão cada vez mais altas e o árbitro não pode continuar “amador”, passa pela profissionalização a melhoria da já competente arbitragem brasileira.

10- Que mensagem você pode deixar para aqueles que iniciam a carreira e almejam o sucesso que você conseguiu?
É preciso gostar muito de futebol, depois fazer um curso, estudar muito, conhecer outros idiomas (Espanhol e Inglês) e ter uma preparação física exemplar e uma vida regrada. E como alguém já disse: 'O néctar da vitória se bebe num cálice de sacrifícios'.